O prefeito de Jequié, Zé Cocá, sinalizou nesta terça-feira, 21/10, que poderá declarar apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) até o fim do ano ou no mais tardar, em janeiro de 2026. Em entrevista exclusiva concedida à reportagem da 95 FM, o gestor destacou que o governo estadual tem sido “muito cortês” e que já iniciou tratativas sobre obras estruturantes para Jequié e região, como o aeroporto regional, o sistema de irrigação e novos polos industriais. “Se ele fizer as obras que conversamos, seria injusto eu não votar nele”, afirmou.
Cocá também confirmou que está articulando a formação de um novo grupo político com deputados federais e estaduais para fortalecer o diálogo regional. O prefeito disse ainda que a localização do futuro aeroporto, em área pertencente ao município de Itiruçu, deve beneficiar toda a microrregião. Sobre o futuro partidário, não descartou sair do PP, mas ponderou que qualquer decisão será tomada “com sabedoria”, priorizando o desenvolvimento regional. O gestor aproveitou para defender a nova concessão da BR-116 e cobrou urgência na duplicação da rodovia: “Não dá pra esperar mais 20 anos. A duplicação é pra ontem”, concluiu.
Confira abaixo a entrevista completa
95 FM: Prefeito, o senhor anunciou que, até o final do ano, vai definir o apoio oficial ao próximo governador da Bahia — se será pela reeleição de Jerônimo Rodrigues ou por outro candidato. O senhor já bateu o martelo? Já tem em mente esse apoio ao governador Jerônimo Rodrigues ou ainda pretende esperar mais um pouco? O que falta decidir?
Zé Cocá: O governador Jerônimo tem sido, digamos assim, muito cortês. Tem nos atendido muito bem e discutido obras estruturantes. O que eu disse a ele foi o seguinte: seria injusto, se ele fizer as obras que temos conversado para Jequié, eu não apoiá-lo. Nós pontuamos obras que são fundamentais para o município e para toda a microrregião, e ele sinalizou positivamente — inclusive algumas dessas ações já devem ser anunciadas agora.
Na semana passada, tivemos uma reunião importante, na quarta-feira, onde tratamos de pautas como o Aeroporto Regional de Jequié, o sistema de irrigação, a Avenida Nova, novos polos industriais, além de obras estruturantes nas áreas de saúde, educação e na Policlínica. Eu não tenho dúvida de que ele vai atender essas demandas. Se isso acontecer, teremos o dever de estar junto com ele.
Minha intenção é anunciar esse apoio em dezembro, no máximo em janeiro. Paralelamente, estamos fazendo uma discussão política mais ampla, conversando com partidos e lideranças. Hoje, dialogamos com cerca de seis deputados estaduais e dois, podendo chegar a três, deputados federais. A ideia é formar um grupo político forte, que pense o futuro de Jequié e da Bahia.
A nossa intenção não é apenas discutir questões regionais. Sempre defendi que Jequié precisava ser ouvida, e isso, de fato, está acontecendo. Queremos construir um grupo político que amplie o protagonismo de Jequié em toda a Bahia.

95 FM: Na última eleição, o senhor teve uma grande atuação na região. Vários dos seus aliados foram eleitos prefeitos em cidades importantes da macro região de Jequié. O senhor se considera o líder político desse grupo que tem fortalecido o Vale do Jiquiriçá e o Médio Rio de Contas?
Zé Cocá: Tudo precisa de liderança, mas eu não diria que sou o único líder. Temos um processo de lideranças compartilhadas. Temos a AMUCC (Associação dos Municípios do Vale do Jiquiriçá e Médio Rio de Contas), a UPB e outros líderes que também participam ativamente dessas discussões.
Sempre defendi uma região forte. Jequié não conseguiria avançar sozinha sem um olhar regional. Quando fui presidente do Consórcio do Vale do Jiquiriçá, haviam divisões internas — três ou quatro grupos — e o diálogo era difícil, tanto ali quanto no Consórcio do Médio Rio de Contas.
Hoje, conseguimos dialogar com mais maturidade, independente de quem esteja ou não politicamente ligado a mim. Isso já é um grande avanço. Pautas como o aeroporto regional, sistemas de água e projetos de irrigação são conquistas importantes. Ver os dois territórios — Vale do Jiquiriçá e Médio Rio de Contas — convergindo em torno de um mesmo objetivo, o desenvolvimento regional, é uma das maiores vitórias dos últimos anos.
O aeroporto regional, no entroncamento de Jaguaquara, por exemplo, tem potencial para transformar completamente a nossa microrregião.
95 FM: Havia expectativa de que o aeroporto fosse instalado em Jequié, mas as condições técnicas não permitiram. Agora ele deve ser implantado na área de entroncamento, entre Jaguaquara e Itiruçu. O que a região ganha com essa mudança?
Zé Cocá: Ganha muito. Todo lugar que recebe um aeroporto se desenvolve: atrai empresas, investimentos e gera empregos. O terreno em análise fica próximo ao entroncamento, mas pertence ao município de Itiruçu, o que é positivo, pois envolve mais de um território.
A Seinfra avaliou o local como excelente. O governador já sinalizou possíveis desapropriações e vai a Brasília para discutir o projeto com o Ministério dos Transportes e a ANAC. Essa é uma das maiores pautas da nossa microrregião, junto com o projeto de irrigação.
Mesmo sendo instalado fora da sede, ele continuará sendo o Aeroporto Regional de Jequié, porque Jequié é a metrópole regional. Essa é a visão que queremos consolidar.

95 FM: Sobre 2026, existe a possibilidade de o senhor deixar o PP e se aproximar do PSB, liderado por Lídice da Mata. Essas conversas estão avançadas? Ou o senhor pretende permanecer no PP, mesmo diante das divergências internas?
Zé Cocá: Nós ainda vamos amadurecer essa discussão. Quem me convidou para dialogar foi o prefeito Wilson, de Andaraí, um amigo querido, que tem feito um grande trabalho à frente da UPB. Ele tem feito uma transformação positiva no PP e me convidou a participar de um novo momento do partido.
Tenho uma relação pessoal com o PP, especialmente com João Leão e Cacá Leão, por quem tenho enorme gratidão. Como sempre digo: favor não se paga. Eles ajudaram muito Jequié, destinando cerca de R$ 70 milhões em obras e emendas, o que foi fundamental para o nosso município.
Portanto, qualquer decisão será tomada com paciência e sabedoria, pensando no que é melhor para Jequié e para a microrregião. Neste momento, não quero cargos no governo, quero obras que transformem a nossa região.
95 FM: Há um sentimento popular de que a região da Cidade Nova está se tornando um novo polo logístico, pela sua localização estratégica. Há projetos para aquela área?
Zé Cocá: Sim. Estamos implantando dois grandes empreendimentos na Cidade Nova. O primeiro é o SER, uma obra de 8 mil m², com investimento de quase R$ 10 milhões, que vai oferecer serviços especializados em diversas áreas.
Também discutimos com o governo a infraestrutura do entorno do IFBA e planejamos uma avenida que vai interligar o IFBA ao bairro do Curral Novo, criando um novo vetor de desenvolvimento. Além disso, estamos concluindo a pavimentação de ruas que conectam a Avenida Lomanto Júnior e preparando o terreno para novas operações comerciais e logísticas.
Queremos instalar um ponto fixo da Polícia Militar e da Guarda Municipal, além de um sistema de videomonitoramento para reforçar a segurança. Estamos dialogando com o DNIT e a Via Bahia para alinhar os projetos de duplicação e evitar intervenções que precisem ser refeitas depois.
A Cidade Nova está retomando sua força. Hoje já é possível ver caminhoneiros parando, o comércio se movimentando e a região ganhando novo fôlego.
95 FM: Por fim, sobre a Via Bahia. O senhor foi um dos defensores da saída da empresa da concessão. O senhor tem acompanhado o processo da nova licitação concessão da Rota 2 de Julho?
Zé Cocá: Tenho acompanhado, sim. O cronograma do governo federal prevê a licitação entre dezembro e janeiro. Apesar da Via Bahia ainda cumprir algumas obrigações, eu sou favorável a uma nova concessão, desde que organizada e com tarifas justas.
Se ficarmos esperando pelo DNIT, essa duplicação da BR-116 pode demorar 20 ou 30 anos. A duplicação é urgente — há dias em que se gasta oito horas para chegar a Salvador.
A nova concessionária precisa ter prazos e penalidades claras, para que não aconteça o que vimos com a Via Bahia, que deveria ter duplicado o trecho entre Paraguaçu e Vitória da Conquista até 2016 — e estamos em 2025 sem que isso tenha sido feito.
O povo não pode continuar esperando. É hora de acelerar o desenvolvimento da região.
Comentários: