A polícia Federal divulgou os valores que os familiares do atacante Bruno Henrique do Flamengo, teriam arrecadado com as apostas fraudulentas envolvendo o atleta em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 contra o Santos.
Os diálogos entre Bruno Henrique e um primo também foram divulgados, o que complica ainda mais a situação do atleta. Do grupo dos 10 apostadores envolvidas no esquema, a PF definiu que três deles possuem vínculos familiares com Bruno Henrique: o irmão, a cunhada e a prima. O valor somado das apostas feitas pelos pares chegam a R$ 4.967,01 reais. Já o segundo grupo é composto por seis apostadores entre si.
Veja os valores
Wander Nunes Pinto Junior (Irmão) – Apostou R$ 380,86 e teve um retorno de R$ 1.180,67 (jogo contra o Santos)
Ludymilla Araújo Lima (Cunhada) – Ludymilla realizou a aposta em duas plataformas. Na primeira apostou R$380,86 e teve um retorno de R$ 1.180,67. Na segunda casa de apostas colocou e R$ 500,00 e teve um retorno de e R$ 1.425,00 (jogo contra o Santos).
Poliana Ester Nunes Cardoso (Prima) – Apostou R$ 380,86 e teve retorno de R$ 1.180,67 (jogo contra o Santos).
Os valores arrecadados com a fraude somam R$ 4.967,01 com o total de R$ 1.642,58 em apostas realizadas pelos familiares do atleta.
Veja trecho de conversa entre Bruno Henrique e seu irmão
No dia 29 de agosto, Bruno Henrique e Wander trocaram mensagens. O irmão do jogador o perguntou se ele estava pendurado (com dois cartões amarelos) no Brasileirão. Veja o trecho da conversa revelado pelo "Metrópoles".
“O tio você está com 2 cartão no brasileiro?”
"Sim", respondeu Bruno Henrique
Wander: “Quando [o] pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”
Bruno Henrique: “Contra o Santos”.
Wander: “Daqui quantas semanas?”
Bruno Henrique: “Olha aí no Google”
Wander: “29 de outubro”, “Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk”
Bruno Henrique: “Não vou reclamar”, “Só se eu entrar forte em alguém”
Wander: “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”.
Punição
Segundo o advogado especialista em Direito Desportivo ouvido pela CNN, Andrei Kampff, Bruno Henrique poderá sofrer “duras punições” caso seu envolvimento no esquema seja comprovado. O jurista explica que dois processos devem tramitar de forma paralela e independente: um na Justiça Comum e outro na Justiça Desportiva.
Na esfera criminal, o jogador foi indiciado com base no Art. 200 da Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), que trata da fraude esportiva: “Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado.” A pena prevê reclusão de dois a seis anos, além de multa.
Além disso, o atacante também poderá responder por estelionato (Art. 171 do Código Penal) e por organização criminosa (Art. 2º da Lei nº 12.850/2013), a depender do entendimento da promotoria.
Na esfera esportiva, o caso será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). De acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), a pena pode chegar a dois anos de suspensão. Em caso de reincidência, o atleta pode ser banido por tempo indeterminado.
Kampff ressalta que, em ambos os processos, estão garantidos o direito à ampla defesa e à presunção de inocência. “É preciso haver prova clara, concreta, cabal e definitiva para que qualquer condenação ocorra”, destacou.
Para o advogado, a manipulação de resultados compromete diretamente a essência do esporte. “Ela fere a integridade esportiva, que é o que garante a imprevisibilidade, a emoção do jogo, a alma do esporte”, concluiu.
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